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Comunidade Terapêutica traz vida nova aos dependentes de drogas

por publicado: 30/09/2013 17h24 última modificação: 21/02/2014 14h28

As ações desenvolvidas por meio das comunidades terapêuticas incentivam o usuário a retomar a atividade profissional, relações familiares e o exercício da cidadania, além de ajudá-lo a construir um projeto de vida.

Por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, o Ministério da Justiça (Senad) vai gerar até o fim deste ano, 10 mil vagas em comunidades terapêuticas. Os usuários e dependentes de drogas serão acolhidos gratuitamente.

Os gestores, profissionais e voluntários em serviço nas entidades contratadas deverão participar de curso para capacitação e atualização profissional oferecido pela Senad e certificado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O processo para a contratação das vagas foi dividido em três fases: habilitação, que prevê verificação da regularidade jurídica, fiscal e trabalhista e situação econômico-financeira da entidade; pré-qualificação, que exige verificação da condição técnica da entidade; e contratação.

O Governo Federal vai pagar R$ 1 mil, mensais, pelos serviços de acolhimento de adultos e R$ 1,5 mil, por mês, para crianças, adolescentes e mães em fase de amamentação.

Lua Nova – Conheça, a seguir, como funciona a Associação de Formação e Reeducação Lua Nova, em Sorocaba (SP), instituição reconhecida, no Brasil e no exterior como experiência bem-sucedida e inovadora na reinserção de jovens mulheres em situação de risco, incluindo a dependência de drogas.

É por meio das atividades de trabalho e geração de renda, principalmente, que as 150 mulheres acolhidas todos os dias na Associação Lua Nova conseguem dar a volta por cima. Um fato singular é que 18 famílias formadas por mulheres que ingressaram como acolhidas construíram suas casas com suas próprias mãos e recursos. Algumas chegaram ao final do processo de recuperação e reinserção e hoje trabalham fora da instituição e moram neste pequeno condomínio localizado num terreno comprado pelas primeiras construtoras civis formadas na instituição.

Os tijolos e as casas são resultados da Empreiteira-Escola implantada em 2004 na Lua Nova. O projeto capacita mulheres para trabalhar na construção civil e para atuar como multiplicadoras da tecnologia sustentável que fabrica tijolos a partir de uma mistura de concreto e restos de construção.

Oportunidade de recomeço - Dentre as mulheres atendidas, a maioria de grávidas ou com filhos pequenos, estão dependentes químicas, meninas em situação de rua, vítimas de violência doméstica e sexual, todas com o mesmo objetivo: recomeçar a vida de uma forma diferente. A entidade atendeu mais de 3,5 mil mulheres desde sua fundação, em 2000.

Outras atividades profissionais e de geração de renda desenvolvidas dentro da Lua Nova são panificação e confeitaria, corte e costura, fabricação de bonecos pedagógicos, dentre outras. Encomendas de salgados e doces e de bolsas, por exemplo, geram renda para as residentes e para a instituição.

Em média, as mulheres permanecem nove meses na instituição. As jovens são estimuladas a se engajar na comunidade formada na própria associação, um fundamento básico para criar vínculos sociais.

O método, que alia atividades produtivas e comunitárias com acompanhamento psicológico, conferiu respeitabilidade à instituição. Esse trabalho alcançou visibilidade no Brasil e no exterior, como referência na atenção a mulheres em situação de risco. Em 2005, a entidade recebeu, por sua atuação, o Prêmio Social Ashoka-McKinsey, organização mundial, sem fins lucrativos, que atua no campo da inovação social, trabalho e apoio aos empreendedores sociais. O trabalho da fundadora, a psicóloga Raquel Barros, e da associação foi reconhecido em diversas premiações recebidas desde 2002.

História de superação - As meninas da Lua Nova explicam que homens e mulheres têm atitudes diferentes perante o desespero que o vício causa. Para bancar a dependência, normalmente os homens realizam bicos, pequenos trabalhos informais. A prostituição acaba sendo um caminho que muitas mulheres trilham para sustentar o vício.

A história de T. C. C. é dessas que a ficção não faria mais comovente. Seus 26 anos de idade parecem pouco tempo para acumular tantos episódios fortes. E na queda livre dos cinco anos em que morou na rua ela chegou num ponto em que poucas pessoas acreditariam que ela pudesse dar a volta por cima. “Cheguei a transar por R$ 12 para comprar crack”, diz ela, que foi infectada pelo HIV.

Cola, álcool de posto, “injetável”, T. conheceu todas essas substâncias no período em que viveu nas ruas de Maceió. A fluidez com que ela conta sua trajetória faz parecer que ela já superou tudo.

Ela também chegou a praticar alguns crimes, levada pela droga. Ela já cumpriu a pena e, mais do que concluir o ciclo da reinserção, passou para o outro lado. Atualmente, ajuda a recuperar pessoas que estão na situação em que já esteve.


Por Marcus Santos

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